domingo, 17 de maio de 2009

Universo Inverso

A observação de qualquer imagem possibilita dois tipos de olhar, dois ângulos diferentes que podem levar o observador a diferentes interpretações. Esse duplo olhar é possível não apenas em imagens, mas também em textos ou quaisquer tipos de artes. São, portanto, as chamadas leituras possíveis.
É importante observar também, que todos os tipos de imagem, texto, som etc., só poderão revelar seus mais variados significados se aquele que os observar estiver disposto a iniciar uma leitura polissêmica, deixando de lado as informações técnicas que se referem ao objeto em questão, dando lugar a uma observação que valoriza o lado sentimental com o qual a arte foi produzida. Isso não significa tentar desvendar apenas o motivo pelo qual o autor retratou uma paisagem de um determinado modo, por exemplo, mas também tentar entender quais os tipos de sentimentos e emoções a leitura que está sendo feita proporciona ao observador. Dessa forma, o leitor passa a ser também um co-autor da obra, onde cada observador, juntamente com aquele que a produziu num primeiro instante, escreve um parágrafo que poderá resultar num livro bastante extenso e interessante.
Considerando que a fotografia é uma arte bastante particular, presente muitas vezes de forma inconsciente em diversos momentos da vida popular, e que várias fotografias são produzidas a cada instante ao nosso redor, retratando momentos de máxima alegria ou de profunda depressão de diversos seres “comuns”, o tipo de obra escolhida para este trabalho foi justamente esse: a fotografia popular, não intencional, muitas vezes acidental, mas que revela uma realidade muito maior do que qualquer arte sistematicamente planejada.
A imagem apresentada é uma fotografia simples, tirada numa noite fria, com a câmera apontando para um pequeno canteiro de flores do pátio da Faculdade Atibaia (FAAT). Embora seu autor queira, aparentemente, mostrar um recorte do belo canteiro de flores que fora plantado ali, o efeito que um observador mais aventurado encontraria seria outro.
A nova interpretação, que explica o título da foto, é feita a partir da observação da diferença de qualidade de resolução existente entre o primeiro plano, o principal para muitos, que é a flor, e o segundo plano, o cenário no qual a flor acabou ficando inserida, uma quadra esportiva utilizada por alunos da faculdade.
O resultado de uma observação polissêmica seria a conclusão de que nos recortes mais populares e sem intenção da realidade o que há de mais profundo e sentimental pode não ser o objeto em destaque, que vem a frente, mas sim o seu ambiente, o que se passa ao seu redor, onde o objeto vive, e se vive talvez seja porque seu meio lhe ofereça condições para sobreviver e lhe dê as características físicas que tem.
A inversão dos valores apresentados acima traduz o título Universo Inverso, no qual uma dimensão principal dá lugar à outra mais camuflada, mas perfeitamente visível.
Rafael Martins dos Anjos, Letras - 2º. ano
RA: 5008050

Um comentário:

  1. O Rafa escreveu uma monografia sobre a flor... rsrsrs... Gostei muito do seu texto, mas como foi o mais longo que li até agora, terei que voltar ao trabalho e continuar as leituras mais tarde!

    Lilian Carvalho

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